* Maria Berenice Dias
O ideograma chinês, que representa o lar, é o mesmo que significa a paz e consta de um telhado abrigando um homem e uma mulher.
Esta foi a imagem que inspirou a criação do projeto LAR: Lugar de Afeto e Respeito, lançado pelo JusMulher nesta data, 8 de março – Dia Internacional da Mulher, com o apoio do movimento de mulheres que, pela vez primeira faz uma junção de forças para obter mais ressonância à extensa pauta de reivindicações.
O Afeto que norteia o surgimento da união não pode, quando deixa de existir o amor, se transformar em ódio. O Respeito entre homens e mulheres, tem de sempre persistir face a singela constatação de que são seres complementares, cujas poucas diferenças não os transforma em sexos opostos.
O Lar não pode tornar-se um campo de batalha, palco de pequenez e vinganças, que acaba se traduzindo em violência física ou psicológica, manifestada por demonstrações de desprezo e menosprezo, e onde brigas e desavenças chega em muitos casos à morte.
A paz é um dos valores mais buscados pela humanidade, não sendo uma dádiva, mas uma verdadeira conquista que em muito depende do bom uso de outro dos grandes valores – talvez só superado pelo valor vida – que é a liberdade, conceituada como o pleno uso da inteligência e da vontade, respeitando a inteligência e a vontade do outro. A liberdade também não é uma graça que nos é dada mas um estado a ser conquistado, através de um processo de construção diuturno.
A paz tão desejada entre um homem e uma mulher, tem como pressuposto a coexistência do afeto, encontrando-se condicionada ao respeito mútuo, através do exercício da liberdade e tendo seu lugar de realização plena dentro do lar.
Mesmo parecendo utópico, haverá um dia em que o efetivo reconhecimento da igualdade fará o Dia Internacional da Mulher perder seu significado, passando a festejar-se, quem sabe, o Dia Internacional do Lar – Lugar de Afeto e Respeito. Neste data se estará comemorando a conquista, não do maior valor da humanidade, mas da sua meta ideal: a felicidade.
Referência Biográfica
MARIA BERENICE DIAS – Desembargadora do Tribunal de Justiça do RS, sendo Presidente da 7ª Câm. Cível; Membro efetivo do órgão especial do TJ, Professora da Escola Superior da Magistratura, Vice-Presidente Nacional do IBDFam. – 1999