Convivência Familiar: a qualidade das relações entre pais e filhos

 

*Adriana Aguiar Brotti  – 

Atualmente são muitos os fatores que desqualificam as relações humanas. Num  determinado momento é o trabalho que invade a nossa vida privada, em outro,  são  os recursos da globalização que  seduzem  e confinam as pessoas ao  isolamento, ou ainda, a nossa própria história é que nos leva a adotar  comportamentos viciosos e equivocados.

A relação entre pais e filhos é uma das experiências mais marcantes e decisivas na vida de uma pessoa. Muito se fala sobre a importância de se preservar o direito da criança à convivência familiar, contudo,  as razões  que fundamentam esse direito ainda não se perpetuaram na mentalidade dos  pais e da própria sociedade.

É imperioso que homens e mulheres  se conscientizem sobre a elevada responsabilidade social e moral da paternidade e da  maternidade. O  desenvolvimento emocional saudável da criança dependerá sempre  do modo como o exercício do poder familiar será conduzido.

Assim, compete  aos pais a preservação dos valores ético-morais, a valorização do auto-respeito e do respeito ao próximo, promovendo uma dinâmica de relacionamentos saudáveis, ou seja, integrados e equilibrados.

A estruturação moral, a serenidade e a troca de afeto entre os membros de uma família representa o verdadeiro preparo para a formação de um cidadão  responsável, notadamente, de um sujeito útil à humanidade.

Daí a constatação de que a qualidade das relações entre pais e filhos, não depende exclusivamente de seu perfil sócio-econômico ou mesmo de que os pais  se mantenham sobre o mesmo teto. A  transformação da criança em um jovem e,  posteriormente, em um adulto capacitado a interagir harmonicamente no âmbito  de sua vida pessoal, familiar, social e profissional requer o sentimento de  respeito, de solidariedade, de tolerância, de cumplicidade e de amor dentro  do núcleo familiar.

O cultivo de todos esses sentimentos deve representar o exemplo de atitude que a criança deverá adotar na sua história de vida. A criança é  absolutamente dependente dos pais, precisa de referências , observa  atentamente tudo ao seu redor e, por fim, imita os modelos conscientes ou inconscientemente sugeridos.

O grau de “qualidade” das relações entre pais e filhos pode ser medido por meio de algumas perguntas bem simples, como por exemplo: perguntei ao meu filho como foi o dia dele na escola hoje ? ; ao  conversar com meu filho, dediquei-lhe a atenção necessária, ou dividi esse tempo com meus olhos fixos no computador ou no jornal ?; fazemos ao menos uma refeição juntos?

A comunicação entre pais e filhos deve ser estimulada, isso evita que os filhos carreguem traumas, dúvidas ou angústias para o resto de suas vidas, inibindo inclusive, a marginalidade.

Tudo o que falamos até aqui, não está inserido explicitamente em nossa legislação, mas deve estar no íntimo de cada um de nós, ou seja, se seguirmos  as leis da ética e do amor, certamente concluiremos que jamais deveria  ocorrer disputa entre os pais sobre os filhos. Amor de pai é diferente de amor de mãe, contudo, são sentimentos complementares e a criança necessita de ambos, daí o senso igualitário e humanista que deve prevalecer na Família dos novos tempos, e que deve começar agora, com o empenho do próprio ser humano, independente da função social com a qual esteja investido.

 


Referência  Biográfica

ADRIANA AGUIAR BROTTI  –  Advogada, Especialista em Direito de Família, Presidente da Comissão de Direito de Família da 57ª Subsecção da OAB – Guarulhos e Editora Assistente do Prolegis Site Jurídico.

 


Redação Prolegis
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ISSN 1982-386X – Editor Responsável: Prof. Ms. Clovis Brasil Pereira.

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